O Brasil tem uma história rica no cenário do software livre, marcada por distribuição Linux brasileira que buscaram adaptar o sistema às necessidades e à cultura local. Algumas delas se destacaram por sua inovação, acessibilidade e pelo impacto na comunidade. Embora muitas tenham sido descontinuadas, seu legado permanece na memória de quem acompanhou a evolução do Linux no país.
Duzeru
Houve uma distribuição Linux brasileira chamada DuZeru. Ela era baseada no Debian e usava o ambiente de desktop XFCE. Sendo conhecida por ser leve, simples e voltada, tanto para iniciantes, quanto para profissionais de TI em uma versão específica (DuZeru T.I). No entanto, a distribuição foi descontinuada em 2020.

O projeto foi criado por Cláudio da Silva, que é licenciado em análise e desenvolvimento de sistemas. A distribuição começou a ser divulgada e testada pela comunidade Linux brasileira em meados de novembro de 2015.
Base e Ambiente Gráfico: O DuZeru era baseado no Debian e utilizava primariamente o ambiente gráfico XFCE, conhecido por ser leve.
Foco Nacional: Era uma iniciativa nacional, visando oferecer uma distribuição de qualidade e com suporte em português para usuários brasileiros.
Funcionalidades: A distribuição incluía uma variedade de softwares pré-instalados, como LibreOffice, GIMP, Google Chrome, Firefox, VLC, Synaptic e Mint Install, além de ferramentas próprias, como um script para limpeza do sistema e uma ferramenta de segurança chamada Deep Lock (esta última lançada posteriormente como um pacote separado).

Cláudio DZ, anunciou em sua página no Facebook que o projeto foi encerrado. Segundo ele, estava praticamente impossível manter sozinho todo o trabalho. O projeto DuZeru como um todo não deixará de existir. De acordo com Cláudio, apenas o Sistema Operacional foi encerrado. “Será dada continuidade em atividades com treinamentos e consultoria de Software Livre e Open Source”, garante.
Conectiva Linux
A Conectiva foi outra distribuição Linux brasileira. Ela foi uma companhia fundada em 28 de Agosto de 1995 em Curitiba, Paraná – Brasil, por um grupo de amigos que, em sua maioria, eram funcionários públicos do Banco do Brasil. Juntamente com Arnaldo Carvalho de Melo, que foi um pioneiro em distribuições Linux e softwares livres no Brasil e em toda a América Latina.

Além da distribuição Linux para o mercado da América Latina, a Conectiva desenvolveu uma série de produtos e outros serviços direcionados ao mercado de utilitários para softwares livres. Dentre eles, temos livros, manuais e softwares adicionais, como o Linux Tools e suporte a toda a América Latina através de seus centros de serviços e parceiros. O conhecido gestor de pacotes Synaptic, ainda hoje largamente utilizado, foi originalmente desenvolvido pela Conectiva. Também publicava a Revista do Linux, com periodicidade mensal.
A Conectiva também providenciou desenvolvimento, customização e serviços profissionalizantes em todo o mundo através de seu grupo de engenheiros de softwares livres. Este grupo tinha conhecimentos em, além de outras, as seguintes áreas: desenvolvimento do Kernel do Linux, drivers de dispositivos, desenvolvimento do XFree86 (uma implementação do X11, bibliotecas de interface gráfica e acesso às redes), de protocolos de internet, de firewalls, e clustering (técnica em que diversos computadores trabalham interligados para realizar a mesma tarefa conjuntamente), analise de desempenho e optimização, sistemas de arquivos e gerenciamento de recursos.
Em 24 de Janeiro de 2005 foi anunciado que a empresa MandrakeSoft tinha adquirido a Conectiva por 1,79 milhão de euros. Em 7 de Abril de 2005 a MandrakeSoft anunciou a mudança do nome da companhia para Mandriva e suas distribuições para o nome de Mandriva Linux (no Brasil, somente Mandriva).
Kurumim
Kurumin Linux foi uma distribuição Linux baseada no Knoppix e que mantém o mesmo sistema de detecção de hardware desta distribuição. Todavia, o Kurumin foi projetado para que fosse bem mais compacto, cabendo, assim, em suas versões iniciais, em um mini-CD de 80mm.

Inicialmente o seu desenvolvedor, Carlos E. Morimoto, deu início ao projeto apenas para fins de uso pessoal, porém, ao anunciar a sua criação no seu site, muita gente demonstrou interesse pelo projeto, o que incentivou Morimoto a levar o projeto adiante. Segundo o site DistroWatch, Kurumin era a distribuição Linux mais popular no Brasil.
O nome kurumin vem da língua tupi, onde “curumim” significa “menino”, “criança”, em uma alusão a uma distribuição Linux mais leve e simples, para iniciantes no sistema. A letra k no início da palavra é uma referência ao Knoppix. O logotipo do Kurumin é um pinguim com aspecto infantil: pequeno, simpático e mais magro do que o Tux, o pinguim que representa o Linux em si. Outras características notáveis são o cocar e suas cores, que representam a Bandeira do Brasil.
O Kurumin 7 foi oficialmente descontinuado no início de 2008. Houve uma tentativa de continuidade liderada por Leandro Soares, o Kurumin NG, que terminou de maneira tumultuada.
Abaixo, demonstramos como ele era na época e apontamos algumas funções:
Conclusão: O Legado das Distribuições Brasileiras
As histórias do DuZeru, Conectiva e Kurumin refletem os desafios e a paixão da comunidade de Software Livre no Brasil.
- A Conectiva demonstrou a viabilidade de um negócio de software livre com alcance internacional e deixou um impacto tecnológico duradouro (o Synaptic).
- O Kurumin democratizou o acesso ao Linux no país, servindo como uma ferramenta educacional e prática para milhares de iniciantes.
- O DuZeru representou uma iniciativa mais recente, ilustrando o desafio perene de manter projetos independentes a longo prazo, muitas vezes pela sobrecarga de um único desenvolvedor.
Embora estas distribuições não existam mais, elas pavimentaram o caminho, criando uma cultura de desenvolvimento local e provando que o Brasil tem o talento e a capacidade de contribuir significativamente para o ecossistema global do Linux. Seus legados vivem nas tecnologias que desenvolveram e nas carreiras que inspiraram.